Sobre eutanásia e a existência de abrigos


Cadelinha em estado terminal resgatada em Antonina quando chegou a SPAC.

Esta semana divulgamos a situação da cadelinha resgatada de uma residência em Antonina pelo Batalhão de Polícia Ambiental, encaminhada para a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC). Após avaliação veterinária, constatou-se que não havia chance de recuperação e estava em muito sofrimento, coberta em tumores, alguns já abertos, sem poder se locomover devido a doença degenerativa por sua idade avançada e não administração de suplementos e medicamentos por seu responsável, o que poderia ter amenizado este quadro. Não havia outra opção para ela senão a eutanásia. Não permitiríamos que ela tivesse uma morte lenta e sofrida.

Algumas pessoas, por ignorância da situação, outras por leviandade, fizeram críticas com relação a esta situação, algumas acusações sem coerência. Dizem que é melhor morrer do que viver em um abrigo e ao mesmo tempo nos acusam de matar os animais que lá chegam. Se assim fosse, não estaríamos abrigando mais animais do que a nossa capacidade e respondendo a vistorias constantes e exigências muitas vezes descabidas por este motivo. Pura leviandade e falta de consciência de alguns que já não nos intriga mais; pessoas que pregam o respeito pelos animais e não conseguem respeitar animais da sua própria espécie. Felizmente, há mais pessoas para ajudar do que para prejudicar, e assim continuamos nosso trabalho, que só acontece com a ajuda de pessoas do bem.

Nenhum de nós que lá ajuda concorda com a permanência de animais em abrigos. Se a realidade fosse como gostaríamos, todos os recuperados e castrados já teriam sido encaminhados. Mas a realidade não e´esta. Todos os dias temos que explicar a pessoas que querem deixar animais na SPAC, que somente permitimos a permanência de animais em situação grave de saúde, abandonados ou retirados por maus tratos. Algumas pessoas entendem e tentam fazer a sua parte, outras nos acusam de ser sociedade protetora e ter que receber todos os casos, nos agridem verbalmente, e muitas vezes abandonam os animais na entidade, o que gera os tantos boletins de ocorrência que já registramos por este motivo. Mas as emergências precisamos receber – ou se alguém se dispuser a receber e assumí-los, encaminharemos a voces, nos passem suas informações.

O pior que pode acontecer a um animal é morrer sem atendimento, seja na rua ou em uma propriedade. Abrigos são uma necessidade para aqueles que precisam de um local para se recuperar e aguardar uma família adotante. Os animais não ficam no “limbo” enquanto se recuperam e aguardam adoção. Abrigos, mesmo para humanos, são locais para acolhimento temporária em situações de necessidade, o que é o caso dos animais que acolhemos. Muitos infelizmente vão acabar morrendo em um abrigo, enquanto a maioria da população não tiver consciência e continuar os abandonando e maltratando (o que deve ser tratado em várias frentes pelo poder público).

Uns nos criticam por fazer eutanásia, outros por não fazer eutanásia. Seja como for, nosso foco não é agradar ninguém, mantendo animais em sofrimento não passíveis de recuperação ou matando animais para abrir espaço. Agimos conforme nossa consciência, dentro da necessidade e melhor interesse dos animais e de nossas possibilidades.

Com relação as críticas contra as médicas veterinárias que auxiliam na SPAC, elas fazem muito mais pelos animais do que muitos que o dizem fazer. Trabalham em situação adversa, sofrendo pressão de seus pares muitas vezes. Nenhuma outra entidade atende animais de família como a SPAC faz e são muito poucos os profissionais que atendem um animal necessitado sem garantia de pagamento. Obviamente cobramos das famílias a sua responsabilidade financeira com o atendimento ao seu animal (sendo uma das formas de arrecadação da entidade e que possibilita atendimento a animais abandonados e retirados por maus tratos), mas animais não são deixados sem assistência por este motivo. Ainda há quem critique os valores acessíveis e facilitados que a entidade oferece para atendimento e procedimentos. Estes provavelmente vivem em um mundo paralelo. Não conhecem a realidade da maioria das famílias na nossa região.

Além disso, alguns fizeram comentários com relação a responsável pela entidade permitir a morte dos animais. Esclareço a estas pessoas que sou vegana, pois não quero participar de nada que envolva a exploração animal e não acredito na morte dos animais para o benefício de ninguém! Mas sou a favor sim da eutanásia para os casos onde não há outra opção, visando o fim do sofrimento do animal. Ninguém precisa ser vegano nem mesmo vegetariano para se compadecer do sofrimento de um animal e enxergar as crueldades a que são submetidos em tantas situações. Mas antes de tirar conclusões e se basear por comentários, se informe.

Soraya Simon
Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba
www.spacuritiba.org.br

Assinatura SPAC

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